Pesquisadores do Canadá encontraram
uma explicação científica em nível celular para a eficácia da massagem no
alívio da dor e na recuperação muscular.
A eficácia
da massagem contra a dor tem agora base científica: os benefícios da técnica
estão associados a ‘ligar’ e ‘desligar’ genes.
Massagistas poderão
dizer, com base científica, por que a atividade que exercem funciona no alívio
da dor e na recuperação muscular. E isso tem a ver com ‘ligar’ e ‘desligar’
genes, segundo estudo.
Parte dos
profissionais de saúde vê a massagem com ceticismo – afinal, qual a base
científica para os tais benefícios relatados? Porém, não faltam relatos sobre
os benefícios e a eficácia da técnica em sua acção contra a dor.
Agora, veio
a público o que parece ser a primeira explicação científica em nível celular
para a massagem. E a história das razões do estudo – relatada pelo serviço
noticioso ScienceNow (01/02/12) – começa quando Mark Tarnopolsky, da
Universidade McMaster (Canadá), passou a se submeter a massagens por indicação
médica, depois de um acidente desportivo.
O fato de as
sessões trazerem alívio para a dor chamou a atenção do pesquisador. Haveria
base celular para o que ele sentia? Tanopolsky, coincidentemente, trabalha com
metabolismo celular.
O cientista
reuniu colegas e decidiu investigar. Reuniram 11 jovens, submetidos a
exercícios extenuantes. Dez minutos depois da prática desportiva (pedalar), uma
das pernas foi submetida a massagem.
Os
pesquisadores colheram amostras do quadricípite (músculo da parte anterior da
coxa) das duas pernas em três ocasiões: antes do exercício, 10 minutos depois e
3h mais tarde.
Primeiramente,
eles constataram o que já se sabia: depois do exercício, as células apresentam
mais evidências de inflamação e de sinais de autorreparo dos danos do que
antes.
A surpresa
veio quando se analisaram as células do tecido massajado: elas tinham 30% a
mais de genes reparadores envolvidos no processo de transformar nutrientes em
energia, bem como 300% menos de proteínas que ‘ligam’ genes envolvidos na
inflamação.
Simplificadamente:
os genes reparadores estavam ‘ligados’ e os relacionados à inflamação
‘desligados’.
Quanto à
crença de que a massagem difunde, para outras regiões, o ácido lático do
músculo dolorido, a equipe não achou evidências – esse, até agora, era o
argumento ‘científico’ mais usado para justificar os efeitos da massagem.
O estudo foi
publicado on-line na revista Science
Translational Medicine.
Cássio Leite Vieira
Ciência Hoje/ RJ
Cássio Leite Vieira
Ciência Hoje/ RJ
Publicado em
26/03/2012 | Atualizado em 26/03/2012 http://stm.sciencemag.org/content/4/119/119ra13.abstract